sexta-feira, 23 de março de 2007

crônica para um carnaval

Cordas p'ros que tem grana enforcam a massa aqui de fora, não pertenço ao céu, não pertenço à cor, não pertenço a quem me pertença, da Umbanda à Uganda não se distingue o Filho de Gandhi da Muquirana. Do balaustre nem tudo é orla, toda a avenida não cabe em uma coca-cola. Um bloco de blocos sem bloco. Qualquer coisa que se ouça e nada que se veja vira moda. No camarote, camavote, camaode, centenas de brancos e pessoas sem cor exibem seus sexos, seus dotes e quem não pode se...e quem não? Não é carnaval, é televisão. - Opaí ó, vai passar até no Faustão. Quase nada é tão bacana, é uma homenagem para enterrar o samba, "cem anos de frevo, sem anos de frevo". - Ria, Riachão. Grita um fotógrafo com alguma coisa branca no nariz. Uma moça diz: - Olha lá, não é aquele cara que você beijou? (a colega esforçando-se para lembrar responde): - Eu não o beijei...aliás eu "acho" que foi com ele que fiz "amor" ontem, não foi? E eu? E eu? E eu? Penso em pensar, mas vem o Cortejo Afro e eu quero ver Arto, mas ele não está lá, e quem está? Ninguém está em lugar nenhum. É carnaval. O expresso não se expressa e toda palavra preta é uma festa, mas nunca o preto, o preto é vão, "é como se estivesse sempre de costas". Cadê? Cadê? Cadê? São três horas e mais três p'ro sol nascer, e o carnaval continua a não querer. Chega o final do percurso, Caetano desce do trio, eu me aproximo e digo (meio sem ter o que dizer): - Caetano, nunca se cale, nunca se furte não! Ele pára, volta pra mim, olha sério fixando meus olhos e assente com a cabeça como se estivesse recebendo uma ordem, abraçamo-nos, alguns bêbados batem palma e gritam "é lindo", e ele vai embora, com o passo calado, sorriso cansado, sozinho, dentro de fora da multidão.

3 comentários:

Anônimo disse...

Ai! Ai! o carnaval, achei o tema,o tempo, o espaço preciso pra dz q estranhamente, hj, vi o video duns tais artistas q s bjaram num show aih, uma moça de cabelos curtos e um rapaz de barbas por fz... nostalgicamente ( é como estou ) ouvi Paulinho da Viola, o Roberto ( lembrei duma cama por debaixo ), bebi tinto seco, - Piriquita,conhece? É bom, português, eu recomendo! - e, vc tava aqui, no meu carinho e no meu risinho de canto de boca.
Tô com saudades e, um tantinho dodói... Ah! tô feliz tb por t dz essas coisas, ou simplesmente por dz-las, ou simplesmente por senti-las, enfim compartilhar e dengar alguém...
Qro q estejas bem e q sorria comigo qnd m ler, a minha felicidade divido aqui com vc, de verdade!
XERO!

Gibran Sousa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gibran Sousa disse...

...é, eu lembro, e este lembrar não é o problema, o problema é não conseguir lembrar de esquecer você...cheiro moça.