sábado, 24 de março de 2007

PELICUTRILHA

atenção: começa aqui: o espetáculo vai terminar:
seja bem-ido
neste [nu enquadro de pele escura]
cinemolhos, simnema, cinema
qual projetor, desperta um sonho:
palavra e gente e foco e lente e tudo
-mas se ela me erra? -reza, reza meu ezra.
fellini, além fundo de sobrecena
eu idéia? eu intelectuavi? eu nada, dó-dói.
a alegria só me acena
e eu na(va)rro a cena
quem me canta? quem me lê?
a bahia é bem mais que não cinema
qual o quem que não me vê?
cronenbergman e nossas ilhas
a estrela brilha só por só não ser
minha mais glauberalmodovariana pelicutrilha
com fantasia, com sangue, com o mundo dentro do bolso:
 
[grana]
final da tomada, um beijo.
meu amor, meu amor,
aqui, GODard e você, vou ser: meu medo.
atenção: é o fim:
o espetáculo vai começar:

KELLY KEY

"para ela eu sou todo carnaval, para mim ela é silogismo, ela chove, molha, conclui-se. portanto é pretobranco".
.
em algum quando nesses dias na bahia, em que o sol parece estar com preguiça e a poesia esqueceu-se de se escrever, eu pedi:
- cante-me uma música letícia.
então, ela sussurra um belo sambinha, cadenciado, todo feito de silêncio, e eis que digo:
- mas esta não vale, você sabe que eu gosto.
ela sustenta:
-.mas gibran você gosta de tudo filho.
- é verdade, e você?
- ah, eu gosto é de brigar! rs (a morte realmente é maior do que deus)
- gibran, agora é sua vez. cante algo para mim.
quando começo a cantar baixinho afinando sem "dó" minhas cordas vocais, ela sem palavras pergunta:
- é kelly key?
- é, ela não é maravilhosa?
.
a resposta vocês imaginam, caiu-me sincopada como uma fotografia: segundo eterno, cena sem tempo de tom aristotélico. e nós, netos do silêncio.